segunda-feira, 2 de agosto de 2021

Atividade Ensino Médio. Boi no Asfalto - Luiz Guerra

  Boi no Asfalto 



Por volta de 1968, impressionado com a quantidade de bois que Guimarães Rosa conduzia do pasto ao sonho, julguei que o bom mineiro não ficaria chateado comigo se usasse um deles num poema cabuloso que estava precisando de um boi, só um boi.

Mas por que diabos um poema panfletário de um cara de vinte anos de idade, que morava num bairro inteiramente urbanizado, iria precisar de um boi? Não podia então ter pensado naqueles bois que puxavam as grandes carroças de lixo que chegara a ver em sua infância? O fato é que na época eu estava lendo toda a obra publicada de Guimarães Rosa, e isso influiu direto na minha escolha. Tudo bem, mas onde o boi ia entrar no poema? Digo mal; um bom poeta é de fato capaz de colocar o que bem entenda dentro dos seus versos. Mas você disse que era um poema panfletário; o que é que um boi pode fazer num poema panfletário?

Vamos, confesse. Confesso. Eu queria um boi perdido no asfalto; sei que era exatamente isso o que eu queria; queria que a minha namorada visse que eu seria capaz de pegar um boi de Guimarães Rosa e desfilar sua solidão bovina num mundo completamente estranho para ele, sangrando a língua sem encontrar senão o chão duro e escaldante, perplexo diante dos homens de cabeça baixa, desviando-se dos bêbados e dos carros, sem saber muito bem onde ele entrava nessa história toda de opressores e oprimidos; no fundo, dentro do meu egoísmo libertador, eu queria um boi poema concreto no asfalto, para que minha impotência diante dos donos do poder se configurasse no berro imenso desse boi de literatura, e o meu coração, ou minha índole, ficasse para sempre marcado por esse poderoso símbolo de resistência.

 Fez muito sucesso, entre os colegas, o meu boi no asfalto; sei até onde está o velho caderno com o velho poema. Mas não vou pegá-lo − o poema já foi reescrito várias vezes em outros poemas; e o meu boi no asfalto ainda me enche de luz, transformado em minha própria estrela. 

(Luiz Guerra)



 1. De acordo com o texto, o autor

 a) procurou, com a metáfora do boi, um animal rural, mostrar sua inadequação à   modernidade, impotente para satisfazê-lo em seus anseios mais profundos. 

 b) usou, ainda que sem a autorização de Guimarães Rosa, um de seus personagens como   protagonista de um poema de caráter comercial. 

 c) compôs um poema para sua namorada, mostrando toda sua angústia e descontentamento   em relação  às injustiças praticadas contra os animais. 

 d) queria, por mais inusitado que fosse para a temática política, incluir um boi em seu   poema, que refletisse seu posicionamento alheio a toda ordem preestabelecida.

 e) escrevia textos de cunho político, ainda que o tom panfletário vez e outra interferisse em   seus objetivos iniciais, que eram agradar a seus amigos militantes.


2. Com respeito ao gênero, é correto afirmar que o texto acima é 

 a) um poema em prosa, visto que se pauta pelo uso recorrente de metáforas e de linguagem   melodiosa.

 b) uma crônica, por trazer reflexão sobre um momento histórico com uso de linguagem   coloquial.

 c) um conto, por trazer um enredo sucinto, cuja ação, com início, meio e fim, ocorre em   uma realidade   fabulística. 

 d) uma crônica, por dar voz a animais, inseridos em uma ambientação puramente ficcional. 

 e) um conto, por inserir, no relato imaginário de um boi, elementos da vida particular do   autor. 


3. Mantendo-se o sentido em ... sangrando a língua sem encontrar senão o chão duro e escaldante... (3o parágrafo), o segmento sublinhado pode ser corretamente substituído por 

 a) a encontrar apenas

 b) não encontrando somente 

 c) mesmo de encontro com 

 d) a encontrar todavia 

 e) sem que se encontrasse


domingo, 1 de agosto de 2021

Atividade Ensino Fundamental II. Fábula - O Cavalo e o seu Cuidador

 

O Cavalo e o seu Cuidador 

Um zeloso empregado de uma cocheira costumava passar horas, e às vezes dias inteiros, limpando e escovando o pelo de um cavalo que estava sob seus cuidados. 

Agindo assim, passava para todos a impressão de que era gentil para com o animal, que se preocupava com o seu bem estar. 

Entretanto, ao mesmo tempo que o acariciava diante de todos, sem que ninguém suspeitasse, roubava a maior parte dos grãos de aveia destinados a alimentar o pobre animal, e os vendia às escondidas para obter lucro. 

Então o cavalo se volta para ele e diz: 

"Acho apenas que se o senhor de fato desejasse me ver em boas condições, me acariciava menos e me alimentava mais..." 

 (Esopo)


1. Toda fábula tem uma mensagem moral; nesse caso, o que essa fábula condena é: 

a) a hipocrisia; 

b) a crueldade; 

c) a maldade; 

d) a ganância; 

e) a desonestidade. 


2. O vocábulo abaixo que mostra mais consoantes que vogais é: 

a) zeloso; 

b) empregado; 

c) inteiros; 

d) acariciava;

e) animal.


3. Na fábula lida, a palavra “Cuidador” é iniciada por letra maiúscula porque: 

a) está no início de uma frase; 

b) trata-se de um nome próprio; 

c) é palavra importante no texto; 

d) faz parte de um título; 

e) designa uma pessoa. 


4. O vocábulo abaixo que contém um dígrafo é: 

a) zeloso; 

b) cocheira;

c) animal; 

d) estar; 

e) pobre.


5. “Agindo assim...”, nesse segmento, o termo sublinhado indica: 

a) tempo; 

b) lugar; 

c) finalidade; 

d) conclusão; 

e) modo. 


6. Cada parágrafo do texto termina por: 

a) ponto final; 

b) ponto continuativo; 

c) dois pontos; 

d) ponto-e-vírgula; 

e) ponto de exclamação. 


7.  A palavra abaixo que pertence ao gênero masculino é: 

a) cocheira; 

b) impressão; 

c) condição; 

d) cuidador; 

e) aveia. 


8. O último parágrafo do texto está entre aspas porque: 

a) se trata de uma parte importante da história; 

b) marca a fala de alguém; 

c) é a parte final do texto; 

d) se refere a um fato impossível; 

e) destaca a fala do autor do texto. 


9. “Um zeloso empregado de uma cocheira costumava passar horas, e às vezes dias inteiros, limpando e escovando o pelo de um cavalo que estava sob seus cuidados.” Nesse segmento inicial do texto, o que representa um exagero é que: 

a) o empregado fosse zeloso com o animal; 

b) o cuidador levasse horas para escovar o animal; 

c) o empregado passasse dias inteiros escovando o animal; 

d) o cuidador ficasse todos os dias na cocheira; 

e) o empregado cuidasse bem do cavalo. 


10. O texto, no primeiro parágrafo, fala de um “cavalo”; na sequência do texto, fala de um “animal”, substituindo o primeiro nome (cavalo) por um termo geral (animal). A opção abaixo que mostra uma relação semelhante é: 

a) cavalo / égua; 

b) cuidador / tratador; 

c) cocheira / lugar; 

d) grãos / aveia; 

e) dias / horas.


11. “Agindo assim, passava para todos a impressão de que era gentil para com o animal, que se preocupava com o seu bem estar.” Nesse parágrafo do texto, o sinônimo adequado para “gentil” é: 

a) grosseiro; 

b) descuidado; 

c) bondoso; 

d) higiênico; 

e) delicado. 


12. O ato que marca a desonestidade do cuidador, por prática de roubo, é: 

a) fingir que cuida bem do cavalo; 

b) passar horas e dias escovando o animal; 

c) vender os grãos de aveia para ganhar dinheiro; 

d) modificar a alimentação do animal; 

e) mostrar-se atencioso e gentil. 


13.  A opção abaixo que mostra um conjunto de duas palavras de classes diferentes das demais é: 

a) zeloso empregado; 

b) pobre animal; 

c) boas condições; 

d) dias inteiros; 

e) tratar bem. 


14. “e os vendia às escondidas para obter lucro”; a expressão “vender às escondidas” significa que o cuidador de cavalo: 

a) vendia os grãos sem que ninguém soubesse; 

b) vendia a aveia pela metade do preço; 

c) roubava os grãos de aveia durante a noite; 

d) comercializava a aveia com amigos; 

e) distribuía a aveia pelos mais pobres. 


15. “para obter lucro”; se substituíssemos a forma “obter” por uma forma desenvolvida, a forma correta seria: 

a) para que obtenha lucro; 

b) para que obtivesse lucro; 

c) para que obteve lucro; 

d) para que obtém lucro; 

e) para que obtinha lucro. 


16. O autor do texto chama o cavalo de “pobre animal” porque: 

a) não é bem alimentado pelo cuidador; 

b) sofre maus-tratos físicos; 

c) padece de doença grave; 

d) vive sozinho na cocheira; 

e) passa o dia inteiro trancado.


17. “e os vendia às escondidas para obter lucro”; o sinônimo correto do termo sublinhado é: 

a) sem; 

b) apesar de; 

c) a fim de; 

d) e; 

e) porém.


18. Observe a imagem abaixo.


Essa figura serviria de ilustração para a seguinte frase do texto: 

a) “Um zeloso empregado de uma cocheira costumava passar horas, e às vezes dias inteiros, limpando e escovando o pelo de um cavalo...”; 

b) “Agindo assim, passava para todos a impressão de que era gentil para com o animal...”;

c) “Entretanto, ao mesmo tempo que o acariciava diante de todos, sem que ninguém suspeitasse, roubava a maior parte dos grãos de aveia...”; 

d) “e os vendia às escondidas para obter lucro.”; 

e) “Acho apenas que se o senhor de fato desejasse me ver em boas condições, me acariciava menos e me alimentava mais...”. 


19. “Um zeloso empregado de uma cocheira costumava passar horas, e às vezes dias inteiros, limpando e escovando o pelo de um cavalo que estava sob seus cuidados.” Nesse segmento do texto, o termo “que” se refere a: 

a) um zeloso empregado; 

b) cocheira; 

c) dias; 

d) pelo; 

e) cavalo.


20. “Agindo assim, passava para todos a impressão de que era gentil para com o animal, que se preocupava com o seu bem estar”. Nesse segmento, o pronome “todos” se refere aos: 

a) leitores do texto; 

b) que viam a ação do cuidador; 

c) demais cavalos da cocheira; 

d) outros cuidadores de cavalos; 

e) compradores da aveia roubada.


Atividade Ensino Médio. Tecendo a manhã - João Cabral de Melo Neto

 Tecendo a manhã 


1 Um galo sozinho não tece uma manhã: 

2 ele precisará sempre de outros galos. 

3 De um que apanhe esse grito que ele 

4 e o lance a outro; de um outro galo 

5 que apanhe o grito que um galo antes 

6 e o lance a outro; e de outros galos 

7 que com muitos outros galos se cruzem 

8 os fios de sol de seus gritos de galo, 

9 para que a manhã, desde uma teia tênue, 

10 se vá tecendo, entre todos os galos. 

11 E se encorpando em tela, entre todos, 

12 se erguendo tenda, onde entrem todos, 

13 se entretendendo para todos, no toldo 

14 (a manhã) que plana livre de armação. 

15 A manhã, toldo de um tecido tão aéreo 

16 que, tecido, se eleva por si: luz balão. 

 (João Cabral de Melo Neto)


1. Considere as seguintes afirmações. 

I. O poema inicia-se com a paráfrase do provérbio “Uma andorinha só não faz verão” indicando que o cantar do tecendo a manhã representa é em principio o cantar do próprio poeta e de todos os nós. 

II. A imagem dos galos no poema simboliza que o objetivo do cantar é despertar os moradores de uma determinada região para o trabalho árduo que inicia na madrugada. 

III. Diante dos elementos expostos no poema, pode-se observar o eu-lírico transitando entre por duas dimensões de tempo, presente e futuro, e duas situações: individual e coletiva 

IV. No poema, o uso de alguns verbos no gerúndio reforça a imagem estática e gradual de uma teia que se transforma, nesta ordem, em tela, tenda e toldo. 

Está CORRETO o que se afirma APENAS em: 

a) I, IV e II 

b) I, III e IV 

c) I e III 

d) I e II 

e) I e IV 2. 


2.  A figura de linguagem foi empregada INCORRETAMENTE no seguinte verso: 

a) “Um galo sozinho não tece uma manhã:” (V-1) - Prosopopeia. 

b) “De um que apanhe esse grito que ele” (V-3) - Metáfora e eufemismo.   

c) “E se encorpando em tela, entre todos” (V-11) “se erguendo tenda, onde entrem todos” (V-12) “se entretendendo* para todos, no toldo” (V-13) - Polissíndeto. 

d) “Que apanhe o grito que um galo antes” (V-5) - Metáfora e elipse. 

e) “(a manhã) que plana livre de armação.” (V-14) “A manhã, toldo de um tecido tão aéreo” (V-15) - Anáfora e metáfora. 


3. Identifique o verso que comprove a função de linguagem que predomina no poema: 

a) Fática “que, tecido, se eleva por si: luz balão” (V-16) 

b) Emotiva “E se encorpando em tela, entre todos,” (V-11) 

c) Conativa “Um galo sozinho não tece uma manhã” (V-1) 

d) Poética “Um galo sozinho não tece uma manhã” (V-1) 

e) Metalinguística “Os fios de sol de seus gritos de galo,” (V-8) 


4. No texto, 

a) “Tece” (v-1) transitivo direto significa entrelaçar algo. 

b) “Outro” (v-4) hiato formado de uma vogal e semivogal e dígrafo duas letras com um só fonema. 

c) No vocábulo “teia” (v-9) há a ocorrência de um tritongo 

d) “Tecendo” (v-10) forma nominal verbal infinitivo do verbo tecer. 

e) “Em muitos” (v-7) é um advérbio de intensidade 

Atividade Ensino Médio. Anedota - Bêbados

 Bêbados 



Um homem acorda com a mãe de todas as ressacas, virasse e ao lado da cama, havia um copo de água e duas aspirinas. 

Olha em volta e vê sua roupa passada e pendurada. 

O quarto estava em perfeita ordem. 

Havia um bilhete de sua mulher: 

“Querido, deixei seu café pronto na copa. Fui ao supermercado. Beijos.” 

Desce e encontra um lauto café esperando por ele. 

Pergunta à sua filha: 

O que aconteceu ontem? 

- Bem, pai, você chegou às 3 da madrugada, completamente bêbado, vomitou no tapete da sala, quebrou móveis, urinou no guarda-roupa e machucou o olho ao bater na porta do quarto. 

- E por que está tudo arrumado, café preparado, roupa passada, aspirinas para a ressaca e um bilhete amoroso da sua mãe? 

- Bem, é que mamãe o arrastou até a cama e, quando ela estava tirando a sua calça, você disse: “NÃO FAÇA ISSO, MOÇA, EU SOU CASADO!!”


1. Na frase: “Querido, deixei seu café pronto na copa.” (linha 06), temos: 

a) Sujeito simples interactante 

b) Sujeito composto 

c) Sujeito oculto determinante 

d) Sujeito indeterminado 

e) Oração sem sujeito


2. A palavra lauto (linha 08), pode ser substituída coerentemente sem alterar sua estrutura semântica por: 

a) ostentoso 

b) forte 

c) fraco 

d) quente 

e) modesto 


3. O texto-piada apresentaria inadequação linguística caso se procedesse com: 

a) a inserção do artigo “a” antes do pronome sua (linha 03) 

b) a retirada do léxico “Beijos” (linha 07) 

c) o deslocamento do pronome “seu” antes do léxico “café” para depois do léxico “copa” (linha 06) 

d) a retirada do pronome “seu” (linha 06) 

e) a inserção da preposição “para” antes da preposição/artigo à (linha 09)


4. Quanto aos estudos sobre a coesão textual, na frase: “- Bem, é que mamãe o arrastou até a cama e, quando ela estava tirando a sua calça, você disse: “NÃO FAÇA ISSO, MOÇA, EU SOU CASADO!!”, o termo grifado corresponde a uma: 

a) coesão por referência 

b) coesão por elipse 

c) coesão por substituição 

d) coesão lexical 

e) coesão inadequada 


5. Na frase: “O quarto estava em perfeita ordem.”, o termo grifado se configura num(a): 

a) advérbio 

b) pronome 

c) adjetivo 

d) substantivo 

e) interjeição

Atividade Ensino Fundamental II. Infância - Carlos Drummond de Andrade


 Infância



Meu pai montava a cavalo, ia para o campo.
Minha mãe ficava sentada cosendo.
Meu irmão pequeno dormia. 
Eu sozinho menino entre mangueiras
Lia a história de Robinson Crusóe,
Comprida história que não acaba mais. 

No meio dia branco de luz uma voz que aprendeu 
A ninar nos longes da senzala - e nunca se esqueceu
Chamava para o café. 
Café preto que nem a preta velha
Café gostoso
Café bom. 

Minha mãe ficava sentada cosendo
Olhando pra mim:
- Psiu... Não acorde o menino. 
Para o berço onde pousou um mosquito.
E dava um suspiro... que fundo! 

Lá longe meu pai campeava
No mato sem fim da fazenda. 

E eu não sabia que minha história
Era mais bonita que a de Robinson Crusoé. 

(Carlos Drummond de Andrade) 


1.  Assim como não acontece acento grave na expressão destacada em “Meu pai montava a cavalo, ia para o campo”, pelo mesmo motivo não acontece acento grave em: 

a) entreguei o documento a estas pessoas. 

b) ele viajou a trabalho. 

c) parabéns a você! 

d) eles ficaram frente a frente. 

e) a todos, fizeram uma linda homenagem. 


2. Preenchem as lacunas das frases abaixo, respectivamente, as palavras da alternativa: Esta ponte.........................passo está condenada. Sempre quis saber de seu.......................... Ofendeu-me, ......................., se não lhe fiz nada? Quero saber de seus problemas .........................me preocupo com você. 

a) porque / porquê / por quê / porque 

b) por que / porquê / por quê / porque 

c) por que / por quê / porquê / por que 

d) por que / porquê / porquê / por que E. porque / porque / por quê / por que 


3.  A alternativa em que a frase atende à língua formal é: 

a) ouvi menas conversa durante a noite. 

b) fazem anos da sua partida. 

c) as Minas Gerais encanta-me. 

d) haviam mais pessoas na festa? 

e) água é bom para a saúde.





Atividade Ensino Médio. Poesia. Manuel Bandeira - Desencanto

 Desencanto 






Eu faço versos como quem chora 

Fecha o meu livro, se por agora 

Não tens motivo nenhum de pranto. 

Meu verso é sangue. Volúpia ardente... 

Tristeza esparsa... remorso vão... 

Dói-me nas veias. Amargo e quente, 


Cai, gota a gota, do coração. 

E nestes versos de angústia rouca 

Assim dos lábios a vida corre, 

Deixando um acre sabor na boca.

- Eu faço versos como quem morre. 

 (Manuel Bandeira)


1. Assinale a opção que apresenta uma informação correta: 

a) Pode-se afirmar que o texto é um poema, pois ele conta uma história. 

b) O conteúdo do texto expressa uma profunda dor do enunciador, que fala do seu sofrimento ao criar seus versos. 

c) A dor do enunciador fica um pouco mais suave no final do texto. 

d) As escolhas lexicais, ou seja, a escolha das palavras do texto não reforçam a ideia de sofrimento do enunciador. 

e) A escolha do título não contribui para reforçar o conteúdo do texto. 


2. Sobre aspectos linguísticos presentes no texto, assinale a alternativa correta: 

a) O último verso se inicia com um sinal de pontuação, o travessão, que foi empregado para introduzir uma explicação do eu lírico. 

b) As reticências empregadas nos versos servem para despertar um questionamento no leitor sobre se sofrimento do eu lírico seria verdade ou não. 

c) Na passagem "Meu verso é sangue" há uma figura de linguagem denominada metáfora. 

d) A figura de linguagem presente na passagem "Amargo e quente"; "Cai, gota a gota, do coração" é a personificação. 

e) No verso "Deixando um acre sabor na boca" o vocábulo "acre" apresenta um sentido positivo no contexto. 


3. O vocábulo "Volúpia" apresenta o mesmo número de letras e de fonemas; assinale a alternativa em que isso também ocorre com um dos vocábulos retirados do texto: 

a) chora 

b) desalento 

c) nenhum 

d) Tristeza 

e) angústia 


4. O sujeito do verbo "Cai", na segunda estrofe, pode ser classificado como:

a) simples representado por "coração". 

b) composto representado por "gota a gota". 

c) indeterminado. 

d) simples representado por "verso". 

e) desinencial. 


5.  Assinale a opção com informação correta: 

a) Os vocábulos "Eu", "quem", "meu" e "nenhum" são todos pronomes pessoais. 

b) Da primeira e da terceira estrofes foram retirados estes vocábulos: "o", "a" e "um", que devem ser classificados todos os três como artigos. 

c) O vocábulo "remorso" está assim corretamente separado: re-mo-rso. 

d) No vocábulo "quente" há 6 fonemas. 

e) As vírgulas poderiam ser retiradas do verso "Cai, gota a gota, do coração", sem prejuízo gramatical.


6. O termo destacado na passagem "Eu faço versos" (...) é um: 

a) predicado 

b) sujeito simples 

c) sujeito composto 

d) sujeito desinencial 

e) sujeito inexistente 


7. O sufixo – eza em "Tristeza" está corretamente grafado com z; da mesma forma está correta a grafia com z do vocábulo: 

a) sizudo 

b) somatizar 

c) analizar 

d) pesquizar 

e) catequeze 

Atividade Ensino Médio. Continho - Paulo Mendes Campos




 Continho 

Era uma vez um menino triste, magro e barrigudinho, do sertão de Pernambuco. Na soalheira danada do meio-dia, ele estava sentado na poeira do caminho, imaginando bobagens, quando passou um gordo vigário a cavalo. 

 - Você aí, menino, para onde vai essa estrada? 

 - Ela não vai não: nós é que vamos nela. 

 - Engraçadinho duma figa! Como você se chama? 

 - Eu não me chamo não, os outros é que me chamam de Zé. 

  (Paulo Mendes Campos) 



1. Com relação ao texto, na oração “passou um gordo vigário a cavalo” qual a ordem dos termos que ela obedece? 

a) Sujeito + verbo + predicado + adjunto adnominal 

b) Verbo + adjunto adnominal + sujeito + predicativo 

c) Predicativo + adjunto adnominal + sujeito + verbo 

d) Adjunto adverbial + sujeito + verbo

e) Verbo + sujeito + adjunto adverbial


2. O texto “Continho” apresenta em sua estrutura um diálogo entre um menino e o vigário. Com referência à tipologia textual, como ele deve ser denominado? 

a) Narração 

b) Dissertação 

c) Descrição 

d) Editorial 

e) Reportagem


3. Na oração “Você aí, menino, para onde vai essa estrada?” o termo em destaque apresenta que função sintática? 

a) Aposto 

b) Vocativo 

c) Complemento nominal 

d) Objeto direto 

e) Objeto indireto


4. O autor descreve o menino e o vigário como personagens completamente opostos: um é “triste, magro e barrigudinho”; outro, “um gordo vigário a cavalo”. A descrição provoca um efeito de superioridade do religioso em relação à criança, inclusive pela altura em que se encontram, um montado num cavalo, outro, na poeira do caminho. Uma passagem que culmina com a NEGAÇÃO dessa superioridade pode ser observada em: 

a) Você aí, menino (...) 

b) Engraçadinho duma figa (...) 

c) Imaginando bobagem (...) 

d) Eu não me chamo não, os outros é que me chamam (...) 



5. O contista joga com particularidades muito pontuais dos verbos “ir” e “chamar-se”. Identifique a opção que identifica essas particularidades. 

a) O verbo IR, intransitivo, gramaticalmente só admite sujeito, sem complementos, portanto “estrada” é o sujeito de “ir” e; o verbo CHAMAR-SE é tomado pelo menino como “chamar”, transitivo direto, em que “me” aparece como objeto direto. 

b) O verbo IR, intransitivo, gramaticalmente só admite sujeito, sem complementos, portanto “estrada” é o sujeito de “ir” e; o verbo CHAMAR-SE é tomado pelo menino como “chamar”, transitivo indireto, em que “me” aparece como objeto direto. 

c) Há um problema semântico com o verbo IR, pois o sujeito desse verbo, na fala do vigário, seria inanimado, tomado pelo menino no sentido literal, ou seja, uma estrada não pode ir a lugar algum e; o verbo CHAMAR-SE é tomado pelo menino como “chamar”, transitivo direto, em que “me” aparece como objeto direto. 

d) Há um problema semântico com o verbo IR, pois o sujeito desse verbo, na fala do vigário, seria inanimado, tomado pelo menino no sentido literal, ou seja, uma estrada não pode ir a lugar algum e; o verbo CHAMAR-SE é tomado pelo menino como “chamar”, transitivo indireto, em que “me” aparece como objeto direto. 



6. Em relação aos adjetivos “barrigudinho” e “engraçadinho”: 

I. Ambos são formados pelo mesmo processo. 

II. O segundo adjetivo sofre apreciação afetiva positiva. 

III. Ambos os adjetivos sofrem apreciação afetiva positiva. 

a) I e II estão corretas.

b) Apenas I está correta. 

c) Apenas III está correta. 

d) Nenhuma das afirmações está correta. 



7. O substantivo soalheira apresenta: 

a) Um hiato e um ditongo oral decrescente. 

b) Dois ditongos, um oral crescente e um oral decrescente. 

c) Dois hiatos. 

d) Um hiato e um ditongo oral crescente



Atividade Ensino Médio. Canção do Exílio - Gonçalves Dias


 Canção do Exílio

Minha terra tem palmeiras, 
Onde canta o Sabiá; 
As aves que aqui gorjeiam, 
Não gorjeiam como lá. 

Nosso céu tem mais estrelas, 
Nossas várzeas têm mais flores, 
Nossos bosques têm mais vida, 
Nossa vida mais amores. 

Em cismar, sozinho, à noite. 
Mais prazer encontro eu lá; 
Minha terra tem palmeiras. 
Onde canta o Sabiá. 

Minha terra tem primores, 
Que tais não encontro eu cá; 
Em cismar – sozinho, à noite 
– Mais prazer encontro eu lá; 
Minha terra tem palmeiras, 
Onde canta o Sabiá

Não permita Deus que eu morra, 
Sem que eu volte para lá; 
Sem que desfrute os primores 
Que não encontro por cá; 
Sem qu' inda aviste as palmeiras. 
Onde canta o Sabiá.  

(Gonçalves Dias)


1. Na poesia “Canção do Exílio”, prevalece o sentimento de: 

 a) enaltecimento; 

 b) tristeza; 

 c) arrependimento; 

 d) revolta. 


2. Em relação à poesia, é incorreto afirmar que o autor: 

 a) solicita a Deus que possa ver sua Terra Natal antes de morrer; 

 b) faz uma exaltação à natureza, ao usar as palavras: “palmeiras, Sabiá, aves, céu, estrelas,   várzeas e bosques”;

 c) faz uma referência à degradação do meio ambiente, especificamente, no verso: “Sem   qu’inda aviste   as palmeiras”; 

 d) expressa o sentimento de saudade de sua pátria, uma vez que se encontra exilado.  



 Leia com atenção a seguinte paródia elaborada por dois adolescentes a partir do poema “   Canção do   Exílio” de Gonçalves Dias.



Minha Terra 

Minha terra tem jambeiro 
Onde canta o bem-te-vi 
Enquanto o sabiá 
come o meu fubá.

O céu é poluído 
Como as ruas que tem lá 
Praças esculhambadas 
Que não dá nem pra sentar.

De noite as ruas são escuras 
E a galera passa lá 
Quando a PM chega 
As ruas começam a esvaziar.

Deus não permita a essa terra 
Ficar do jeito que está 
Que o senhor a abençoe 
E deixe a paz reinar.

(Manoel e Lucas)


1. O poema original, de Gonçalves Dias, exalta as belezas da terra natal de um “eu” lírico que está distante por ter sido obrigado a ausentar-se dela. Já o texto produzido pelos adolescentes, retrata de forma geral: 

a) As belezas do lugar onde vivem; 

b) As condições físicas e sociais do lugar onde moram; 

c) O tipo de árvore plantada em Boa Vista; 

d) O tipo de passarinho que há em Boa Vista; 

e) A ação das galeras.


2. Os versos: “Enquanto o sabiá” “Come o meu fubá.” Juntos passam a seguinte compreensão: 

a) Os passarinhos que brigam entre eles para sobreviver; 

b) Um passarinho comendo farinha de milho; 

c) Alguém se apossando indevidamente do que não é seu; 

d) Alguém oferecendo o que não é seu; 

e) As pessoas não gostam de repartir o que é seu



Charges para Interpretação - Ensino Médio

 Leia o Texto para responder às questões 01 e 02. 1.  Da leitura da linguagem verbal e não verbal, infere-se que o objetivo da charge é: a) ...