Meninos e Meninas
1 Meninos, vamos brincar de casinha? Vamos brincar de lavar e
2 passar roupa, de comidinha, de dono de casa e de papai e filhinhos? É que
3 vocês não sabem, mas, no futuro, quando forem grandes, esse
4 conhecimento em forma de brincadeira vai ser útil.
5 Sabe, hoje em dia, homens e mulheres do nosso país sofrem de um
6 mal horroroso, de uma doença de alma triste: acham que ser mulher é
7 menos do que ser homem. Eles nem percebem, mas, quando dizem que
8 brincar de casinha é coisa de menina, acabam esquecendo que meninos
9 também cuidarão de uma casa no futuro.
10 Os meninos vão brincar de carrinho, como se fossem os únicos a se
11 tornar motoristas no futuro. Meninos serão astronautas, engenheiros,
12 médicos. E as meninas? Elas serão muitas coisas também. Mas o que se
13 espera é que elas sejam boas donas de casa. O treino começa nas
14 brincadeiras.
15 Meninas, que tal brincar de política? Vamos brincar de virar
16 parlamentar, escrever leis, discursar, ser presidenta e prefeita? É que vocês
17 não sabem, mas, no futuro, quando forem grandes, esse conhecimento em
18 forma de brincadeira vai ser útil.
19 Os adultos de hoje estão doentes, e infelizmente não sei se irão
20 sarar nesta geração. Cabe a vocês virar a mesa, subverter as regras
21 estabelecidas por nós, adultos infectados com o vírus da falta de coração.
(Clarice Reichstul)
1. A autora dirige-se, sobretudo, aos:
a) adultos de alma triste.
b) pais e seus filhos meninos.
c) meninos e meninas brasileiros.
d) homens e mulheres do nosso país.
2. Para Clarice Reichstul, no Brasil, as pessoas “sofrem de um mal horroroso” (linhas 5 e 6). Ela se refere ao fato de:
a) não existirem parlamentares mulheres.
b) não haver vagas para engenheiras e médicas.
c) se considerar a mulher como inferior ao homem.
d) as mulheres serem superiores aos homens nos cuidados do lar.
3. A autora acredita que os(as):
a) brincadeiras na infância são inúteis para a escolha da futura profissão.
b) meninas que brincam com carrinhos não podem ser boas donas de casa.
c) papéis que homens e mulheres vão desempenhar começam a ser definidos nas brincadeiras infantis.
d) meninos não devem brincar de casinha: no futuro, mulheres se ocuparão dos cuidados com o lar.
4. No enunciado “Os adultos de hoje estão doentes, e infelizmente não sei se irão sarar nesta geração” (linhas 19-20), Clarice Reichstul manifesta:
a) otimismo.
b) confiança.
c) descrença.
d) segurança.
5. Quanto às relações de sentido, não é correto afirmar que:
a) “grandes” significa “altos” em “quando forem grandes” (linha 3).
b) “subverter” significa “modificar” em “subverter as regras” (linha 20).
c) “conhecimento” é sinônimo de “saber” em “esse conhecimento” (linha 17).
d) “infectados” é sinônimo de “contaminados” em “adultos infectados” (linha 21).
6. Há palavras usadas em sentido conotativo em:
a) “escrever leis” (linha 16).
b) “Cabe a vocês virar a mesa” (linha 20).
c) “cuidarão de uma casa no futuro” (linha 9).
d) “homens e mulheres do nosso país” (linha 5).
7. Em “Meninas, que tal brincar de política?” (linha 15), o termo destacado é:
a) sujeito.
b) aposto.
c) vocativo.
d) objeto direto.
8. Em “de uma doença de alma triste:” (linha 6), os dois-pontos servem para:
a) anunciar uma citação.
b) realçar uma expressão.
c) introduzir uma explicação.
d) anunciar uma enumeração.
9. Leia: “Elas deveriam ser muitas coisas também. Mas o que se esperava é que elas...” O trecho que completaria corretamente o enunciado é:
a) seriam boas donas de casa.
b) fossem boas donas de casa.
c) tivessem sido boas donas de casa.
d) venham a ser boas donas de casa.