domingo, 4 de abril de 2021

Atividade Ensino Médio. Letra de Música. Titãs - Homem Primata

 

Homem Primata  

Desde os primórdios 

Até hoje em dia 

O homem ainda faz 

O que o macaco fazia 

Eu não trabalhava, eu não sabia 

Que o homem criava e também destruía 

Homem primata 

Capitalismo selvagem 

ô ô ô 

Eu aprendi 

A vida é um jogo 

Cada um por si 

E Deus contra todos 

Você vai morrer e não vai pro céu 

É bom aprender, a vida é cruel 

Homem primata 

Capitalismo selvagem 

ô ô ô 

Eu me perdi na selva de pedra 

Eu me perdi, eu me perdi

(Sérgio Brito) 


1. Atente para as seguintes afirmações: 

I. O texto compara o comportamento humano com o do animal. 

II. Há uma relação existente entre o homem primata, que não respeita seu semelhante, e a selva de pedra, já que o mundo se transformou numa verdadeira selva. 

III. A visão de mundo que o autor do texto revela é muito otimista, visto que o homem tem o poder de transformar o mundo em algo glorioso. 

Em relação ao texto, está correto APENAS o que se afirma em:

a) I. 

b) I e II. 

c) II. 

d) II e III.


2. Indique a alternativa que informa o valor semântico das preposições, respectivamente, sublinhadas na letra da música acima. 

a) lugar, ausência e meio. 

b) assunto, proximidade e conteúdo. 

c) tempo, oposição e matéria. 

d) lugar, direção e modo. 


 3. Observe o seguinte trecho da música: 

 (1) O que o macaco fazia 

 Eu não trabalhava, eu não sabia 

 (2) Que o homem criava e também destruía...”

Assinale a assertiva que classifica corretamente as duas ocorrências da palavra “que” respectivamente. 

a) (1) conjunção integrante _ (2) pronome relativo. 

b) (1) conjunção integrante _ (2) conjunção integrante. 

c) (1) pronome relativo _ (2) pronome relativo. 

d) (1) pronome relativo _ (2) conjunção integrante.


4. Considerando sua estrutura, a palavra trabalhava (l.5) apresenta os seguintes elementos mórficos (morfemas): 

a) prefixo + radical + tema + vogal temática + desinência número pessoal. 

b) radical + vogal temática + tema + desinência modo temporal. 

c) radical + vogal temática + tema + desinência número pessoal. 

d) prefixo + radical + vogal temática + desinência modo temporal.










Atividade Fundamental II. Texto Injuntivo para Interpretação

 Bolinho de linguiça 













Ingredientes: 

1kg de linguiça toscana, sem a pele; 

½ xícara (chá) farofa pronta; 

3 folhas de couve cortadas bem fininhas, refogadas em azeite, alho e sal;

1 xícara (chá) bem cheia de farinha para empanar (ou farinha de rosca). 

Preparo:

Pique e repique muito bem a linguiça. 

Pegue uma porção desta massa de linguiça e abra um disco nas palmas das mãos (dica: não faça uma camada muito fina para não abrir na hora de fritar). 

Coloque no centro do disco uma porção de farofa pronta, uma porção de couve refogada e feche bem, formando uma bolinha. 

Repita este processo com o restante dos ingredientes. 

Passe as bolinhas de linguiça na farinha de rosca e frite em óleo quente, até dourar. Retire e escorra em papel absorvente.


 1. A palavra “xícara” se escreve com x. Também se escreve com x a palavra:

 a) __ urrasco. 

 b) __ uxu. 

 c) __ ucrute. 

 d) __ umaço. 
 
 e) _X_ arope.


 2. A forma verbal “repicar” é formada pelo processo de formação de palavras cujo nome é:

 a) composição por aglutinação.

 b) derivação parassintética. 

 c) derivação sufixal. 

 d) derivação prefixal.

 e) composição por justaposição


 3. A alternativa que está de acordo com a receita é: 

 a) untar a forma antes de colocar as bolinhas de linguiça. 

 b) abrir um disco com as farinhas de rosca e de trigo. 

 c) as bolinhas só são retiradas do óleo quando douradas.

 d) moer a linguiça e a farinha até que se misturem por igual. 

 e) abrir um disco de farinha na mão e colocar a linguiça.

sábado, 3 de abril de 2021

Atividade Ensino Médio. Navegação de Cabotagem - Jorge Amado

 



Navegação de cabotagem 

Pintei e bordei com meus amigos, eles pintaram e bordaram comigo, preguei peças, inventei partidas, enrolei, fui enrolado, burlas e intrujices, dei e recebi o troco, zombei, zombaram, o que Carybé não aprontou às minhas custas?

Aprontou tantas e tais e eu caí como um patinho, fosse contá-las escreveria um livro, reduzo-me a duas delas às quais reagi, levando a melhor: as outras ele que as conte para rir de novo, o trapaceiro. No momento rio eu, se me dão licença.

 Apenas nos instaláramos na Bahia, despedi um jardineiro, por incompetente. Ao saber, Carybé, de conluio com Tibúrcio Barreiros, procurador do Tribunal do Trabalho, armou uma daquelas, me deixou de início nas vascas da agonia. Utilizando papel timbrado do tribunal, os dois patifes forjaram uma convocação em boa e devida forma para dar-lhe autenticidade falsificaram a firma de um juiz, marcando-me audiência para o dia seguinte, às duas da tarde. Eu deveria explicar por que não pagara o devido ao trabalhador vítima de demissão sem justa causa, o dito cujo apresentara queixa, motivo para processo e julgamento. Vi-me arrastado na rua da amargura, acusado de burguês explorador do proletariado, sujeito a multa elevada e ao escárnio público.

Fulo da vida, havia pago mais do que o devido, procurei Walter da Silveira, advogado de sindicatos operários junto às Varas de Trabalho, contei-lhe do jardineiro, indenização e gratificação, mostrei-lhe a convocatória, Walter estranhou: tudo ilegal. Brigão por natureza, ao ver assinatura do juiz entrou em transe: esse indivíduo é um mau caráter, meu inimigo, aproveito a irregularidade, vou acabar com ele, fique descansado, deixe comigo. Marcamos encontro no Tribunal na hora aprazada.

Ao chegar em casa Zélia revelou-me a tramoia e os autores. Estreante em tais enredos, Tibúrcio telefonara às gargalhadas, despejara o saco. Em troca Zélia lhe informou que eu saíra para encarregar Walter da Silveira de minha defesa, Tibúrcio tremeu nos alicerces, Walter era osso duro de roer. Diga a Jorge que largue de mão, tudo não passou de brincadeira, Walter é maluco, volto a telefonar.

Voltaram a telefonar, ele e Carybé. Pedi a Zélia para atender às chamadas e dizer aos dois comparsas que, para me vingar, decidira topar a provocação, iria ao Tribunal assistir Walter atirar com a convocatória na cara do juiz. Foi um deus nos acuda, Tibúrcio em pânico, o posto de procurador ameaçado, Carybé sentindo-se responsável pela demissão do amigo; eu os cozinhei o dia inteiro, só à noitinha concordei em abandonar a causa, desobrigar o advogado.

A dificuldade foi obter que Walter desistisse da pendência, queria a todo transe desmascarar o juiz, desmoralizá-lo. Tive de apelar para os ritos da amizade: vais prejudicar a carreira de Tibúrcio, só então se acalmou e achou graça. 

(Jorge Amado)



1. O objetivo do livro de Jorge Amado revelado pelo enunciador, nos dois primeiros parágrafos do  texto, é:

 a) contar algumas gozações e peças a que ele submeteu os amigos Tibúrcio, Caribé e sua esposa Zélia.

 b) contar uma peripécia em que Zélia, sua esposa, foi a principal articuladora.

c) contar as peripécias em que os amigos Tibúrcio, Carybé e o advogado Walter participaram ativamente.

 d) contar algumas gozações e peças a que os amigos o submeteram, dando destaque a um amigo em particular: Carybé. 

e) contar algumas gozações e peças a que os amigos o submeteram, dando destaque a um amigo em  particular: Tibúrcio. 


2. Releia estes trechos do texto: 

A. – “[...] esse indivíduo é um mau caráter [...]” 

B. – “[Walter era osso duro de roer[...]”, “Walter é maluco[...]” Agora, leia as afirmativas feitas acerca desses dois enunciados.

 I. Esses comentários trazem afirmativas subjetivas, revelando julgamento por parte de seus   enunciadores.

II. Esses comentários trazem afirmativas objetivas, não indicando nenhum juízo de valor por parte dos   seus enunciadores. 

III. Esses comentários permitem inferir que o advogado iria dar encaminhamento sério ao que fora feito como brincadeira.

IV. Os comentários colaboram para a ideia de que o procedimento do advogado Walter poderia   encrencar o procurador. 

Após análise das afirmativas feitas sobre os enunciados, é possível apontar como corretas apenas: 

 a) I e IV.

 b) I, II e IV. 

 c) I, III e IV. 

 d) I e III. 

 e) II, III e IV. 


3. Releia o trecho do primeiro parágrafo do texto: “Pintei e bordei com meus amigos, eles pintaram e bordaram comigo, preguei peças, inventei partidas, enrolei, fui enrolado, [...] dei e recebi o troco, zombei, zombaram...”

Vê-se, nesse fragmento, o uso excessivo de uma pontuação. Essa pontuação tem como finalidade intercalar várias orações:

 a) coordenadas adversativas. 

 b) coordenadas aditivas. 

 c) coordenadas explicativas.

 d) coordenadas alternativas 

 e) subordinadas substantivas


4. Dentre os trechos abaixo, apenas um apresenta período simples. Assinale-o. 

 a) No momento rio eu, se me dão licença

 b) Ao chegar em casa Zélia revelou-me a tramoia e os autores. 

 c) Estreante em tais enredos, Tibúrcio telefonara às gargalhadas, despejara o saco.

 d) Foi um deus nos acuda, Tibúrcio em pânico, o posto de procurador ameaçado,... 

 e) A dificuldade foi obter que Walter desistisse da pendência,[...]
 

5. No trecho “...preguei peças, inventei partidas, enrolei, fui enrolado, burlas e intrujices, dei e recebi o troco...”, os termos destacados podem ser substituídos, respectivamente, sem prejuízo de sentido, por: 

a) brincadeiras e traquinagens.

b) brincadeiras e intromissões. 

c) enganações e trapaças. 

d) bagunças e traquinagens. 

e) enganações e intromissões.


6. Analisando o contexto de uso, é possível observar que apenas um dos itens abaixo não indica corretamente a classe de palavras a que o termo destacado pertence. Assinale-o.

a) “Aprontou tantas e tais”. (2º parágrafo) – Pronome indefinido. 

b) “No momento, rio eu..." (2º parágrafo) – Verbo. 

c) “...sujeito a escárnio público...” (3º parágrafo) – Adjetivo 

d) “...por que não pagara o devido ao trabalhador... (3º parágrafo) – Substantivo.

e) “...advogado de sindicatos operários...” (4º parágrafo) – Substantivo.


7. No fragmento “Pedi a Zélia para atender às chamadas e dizer aos dois comparsas que, para me vingar, decidira topar a provocação”, 

a) somente os verbos atender e dizer são regidos por preposição. 

b) o verbo “atender” é regido por preposição e o substantivo “chamadas” pede o artigo “as”, o que justifica o uso da crase no período. 

c) o verbo “pedir” é regido por preposição, portanto, deveria ter sido usado o acento grave no “a” que precede o substantivo “Zélia”.

d) O “a” empregado após o verbo “topar” é uma preposição exigida por esse mesmo verbo.

e) O uso do acento grave em “atender às chamadas” é desnecessário, uma vez que o verbo “atender” não exige o uso de preposição.

 






Atividade Ensino Médio. O último poema - Manuel Bandeira

 

O último poema 
Assim eu quereria o meu último poema 

Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais 
Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas 
Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume 

A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidos 
A paixão dos suicidas que se matam sem explicação

(Manuel Bandeira)


1. O poeta deseja que seu último poema tenha, entre outras características, 

 a) musicalidade e simplicidade. 

 b) sentimentalismo e engajamento. 

 c) intensidade e musicalidade. 

 d) simplicidade e entusiasmo. 

 e) intensidade e engajamento.


2.  "Assim eu quereria o meu último poema".

 No verso acima, manifesta-se:

 a) um arrependimento a respeito de ação realizada no passado. 

 b) uma ação passada, anterior a outra, também passada.

 c) a grande probabilidade de um fato vir a ocorrer. 

 d) um fato que ocorre simultaneamente ao momento da fala. 

 e) um desejo que pode vir a não se concretizar.


3. "Assim eu quereria o meu último poema Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos  intencionais".

Reescrevendo-se os versos acima em prosa, a frase em que eles se articulam com correção e lógica é:

a) Assim, eu quereria: o meu último poema que fosse, terno, dizendo, as coisas mais simples: e menos   intencionais.

b) Assim, eu quereria o meu último poema, que fosse terno, dizendo, as coisas mais simples (e menos intencionais).

c) Assim eu quereria, o meu último poema: que fosse terno, dizendo as coisas mais simples, e menos intencionais. 

d) Assim, eu quereria (o meu último poema); que fosse, terno, dizendo as coisas mais simples e, menos, intencionais. 

e) Assim eu quereria o meu último poema: que fosse terno, dizendo as coisas mais simples e menos intencionais.


4. Certos poemas de Manuel Bandeira versam sobre a vida de pessoas ...... precária condição econômica é determinante para a vida que levam. 

Preencha corretamente a lacuna da frase acima:

 a) que a

 b) onde 

 c) cuja 

 d) a qual a 

 e) nas quais 


5. A oposição entre uma natureza apaixonada que aspirava ...... plenitude e o exílio em que a doença o obrigará ...... viver marcará profundamente ...... sensibilidade de Manuel Bandeira. 
(Comentário adaptado da Introdução de Gilda e Antonio Candido. Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro: José Olympio, 1966) 

Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na ordem dada: 

a) a - à - à 

b) à - a - a 

c) à - à - a 

d) a - à - a 

e) a - a - à 


6. A poesia de Bandeira tem início no momento em que sua vida se quebra pela manifestação da tuberculose. O rapaz que até então ...... versos por divertimento ...... a fazê-los por necessidade, em resposta à circunstância terrível e inevitável. 
(Adaptado de Davi Arrigucci Jr. Humildade, paixão e morte. São Paulo: Cia das Letras, 1990. p. 132) 

Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na ordem dada: 

a) faria - começara 

b) fizera - começara 

c) fez - começam 

d) fazia - começa 

e) faça - começou




Atividade Ensino Fundamental II. Conto. Marina Colassanti - A Moça Tecelã


 A Moça Tecelã 

Acordava ainda no escuro, como se ouvisse o sol chegando atrás das beiradas da noite. E logo sentava-se ao tear.

Linha clara, para começar o dia. Delicado traço cor da luz, que ela ia passando entre os fios estendidos, enquanto lá fora a claridade da manhã desenhava o horizonte.

Depois lãs mais vivas, quentes lãs iam tecendo hora a hora, em longo tapete que nunca acabava.

Se era forte demais o sol, e no jardim pendiam as pétalas, a moça colocava na lançadeira grossos fios cinzentos do algodão mais felpudo. Em breve, na penumbra trazida pelas nuvens, escolhia um fio de prata, que em pontos longos rebordava sobre o tecido. Leve, a chuva vinha cumprimentá-la à janela.

Mas se durante muitos dias o vento e o frio brigavam com as folhas e espantavam os pássaros, bastava a moça tecer com seus belos fios dourados, para que o sol voltasse a acalmar a natureza.

Assim, jogando a lançadeira de um lado para outro e batendo os grandes pentes do tear para frente e para trás, a moça passava os seus dias.

Nada lhe faltava. Na hora da fome tecia um lindo peixe, com cuidado de escamas. E eis que o peixe estava na mesa, pronto para ser comido. Se sede vinha, suave era a lã cor de leite que entremeava o tapete. E à noite, depois de lançar seu fio de escuridão, dormia tranquila.

Tecer era tudo o que fazia. Tecer era tudo o que queria fazer.

Mas tecendo e tecendo, ela própria trouxe o tempo em que se sentiu sozinha, e pela primeira vez pensou em como seria bom ter um marido ao lado.

Não esperou o dia seguinte. Com capricho de quem tenta uma coisa nunca conhecida, começou a entremear no tapete as lãs e as cores que lhe dariam companhia. E aos poucos seu desejo foi aparecendo, chapéu emplumado, rosto barbado, corpo aprumado, sapato engraxado. Estava justamente acabando de entremear o último fio da ponto dos sapatos, quando bateram à porta.

Nem precisou abrir. O moço meteu a mão na maçaneta, tirou o chapéu de pluma, e foi entrando em sua vida.

Aquela noite, deitada no ombro dele, a moça pensou nos lindos filhos que teceria para aumentar ainda mais a sua felicidade.

E feliz foi, durante algum tempo. Mas se o homem tinha pensado em filhos, logo os esqueceu. Porque tinha descoberto o poder do tear, em nada mais pensou a não ser nas coisas todas que ele poderia lhe dar.

— Uma casa melhor é necessária — disse para a mulher. E parecia justo, agora que eram dois. Exigiu que escolhesse as mais belas lãs cor de tijolo, fios verdes para os batentes, e pressa para a casa acontecer.

Mas pronta a casa, já não lhe pareceu suficiente.

— Para que ter casa, se podemos ter palácio? — perguntou. Sem querer resposta imediatamente ordenou que fosse de pedra com arremates em prata.

Dias e dias, semanas e meses trabalhou a moça tecendo tetos e portas, e pátios e escadas, e salas e poços. A neve caía lá fora, e ela não tinha tempo para chamar o sol. A noite chegava, e ela não tinha tempo para arrematar o dia. Tecia e entristecia, enquanto sem parar batiam os pentes acompanhando o ritmo da lançadeira.

Afinal o palácio ficou pronto. E entre tantos cômodos, o marido escolheu para ela e seu tear o mais alto quarto da mais alta torre.

— É para que ninguém saiba do tapete — ele disse. E antes de trancar a porta à chave, advertiu: — Faltam as estrebarias. E não se esqueça dos cavalos!

Sem descanso tecia a mulher os caprichos do marido, enchendo o palácio de luxos, os cofres de moedas, as salas de criados. Tecer era tudo o que fazia. Tecer era tudo o que queria fazer.

E tecendo, ela própria trouxe o tempo em que sua tristeza lhe pareceu maior que o palácio com todos os seus tesouros. E pela primeira vez pensou em como seria bom estar sozinha de novo.

Só esperou anoitecer. Levantou-se enquanto o marido dormia sonhando com novas exigências. E descalça, para não fazer barulho, subiu a longa escada da torre, sentou-se ao tear.

Desta vez não precisou escolher linha nenhuma. Segurou a lançadeira ao contrário, e jogando-a veloz de um lado para o outro, começou a desfazer seu tecido. Desteceu os cavalos, as carruagens, as estrebarias, os jardins.  Depois desteceu os criados e o palácio e todas as maravilhas que continha. E novamente se viu na sua casa pequena e sorriu para o jardim além da janela.

A noite acabava quando o marido estranhando a cama dura, acordou, e, espantado, olhou em volta.  Não teve tempo de se levantar. Ela já desfazia o desenho escuro dos sapatos, e ele viu seus pés desaparecendo, sumindo as pernas. Rápido, o nada subiu-lhe pelo corpo, tomou o peito aprumado, o emplumado chapéu.

Então, como se ouvisse a chegada do sol, a moça escolheu uma linha clara. E foi passando-a devagar entre os fios, delicado traço de luz, que a manhã repetiu na linha do horizonte.

(Marina Colasanti. Doze reis e a moça no labirinto do vento)



Leia o trecho abaixo, do conto “A moça tecelã” e responda às questões.

 "Se era forte demais o sol, e no jardim pendiam as pétalas, a moça colocava na lançadeira grossos   fios cinzentos do algodão mais felpudo. Em breve, na penumbra trazida pelas nuvens, escolhia um fio de prata, que em pontos longos rebordava sobre o tecido. Leve, a chuva vinha cumprimentá-la à janela.
 Mas se durante muitos dias o vento e o frio brigavam com as folhas e espantavam os pássaros, bastava  a moça tecer com seus belos fios dourados, para que o sol voltasse a acalmar a natureza".


 1. Analise as proposições e assinale a resposta CORRETA: 

 I – Há uma relação entre o trabalho de tecer realizado pela moça e as condições climáticas.

 II – O trabalho da tecelã modifica as condições climáticas.

 III – De acordo com o texto, a ação de tecer da moça não interfere diretamente no que acontece com o clima.


 a) Estão corretas apenas a I e a II

 b) Estão corretas apenas a I e a III 

 c) Estão corretas apenas a II e a III

 d) Todas estão corretas 

 e) Todas estão incorretas



2. Assinale a alternativa que substitui sem prejuízo de sentido a palavra destacada no trecho: 

“Em breve, na penumbra trazida pelas nuvens...”. 

 a) Umbra 

 b) Tristeza

 c) Frieza 

 d) Alegria 

 e) Meia-luz



3. Assinale quantos fonemas temos, respectivamente, nas palavras destacadas no trecho:

 “Em breve, na penumbra trazida pelas nuvens...”.

 a) Oito e seis 

 b) Três e dois 

 c) Sete e cinco 

 d) Três e um 

 e) Seis e três



Atividade Ensino Médio. Crônica. Mia Couto - Escrevências Desinventosas

 

Fragmento da crônica do escritor moçambicano Mia Couto: 

“Quando escrevo olho a frase como se ela estivesse de balalaica, respeitosa. É uma escrita disciplinada: levanta-se para tomar palavra, no início das orações. 

Maiusculiza-se deferente. E, em cada pausa, se ajoelha nas vírgulas. Nunca ponho três pontos que é para não pecar de insinuência. Escrita assim, penteada e engomada, nem sexo tem. Agora acusar-me de inventeiro, isso é que não. Porque sei muito bem o perigo da imagináutica. Às duas por triz basta uma simples letra para alterar tudo. Um pequeno “d” muda o esperto em desperto. Um simples “f” vira o útil em fútil. E outros tantíssimos, infindáveis exemplos.” 

*Balalaica: camisa de tecido leve, muito usada em Moçambique. 

*Deferente: respeitoso. 

(Mia Couto)


1.  No fragmento o autor reflete: 

a) de forma irônica, sobre a invenção de novas palavras e os reflexos negativos que causam na língua escrita. 

b) de forma irônica, sobre a maneira que usa a língua portuguesa escrita. 

c) de forma inverossímil, sobre as mudanças que podem ocorrer na simples troca ou acréscimo de letras em uma palavra da língua portuguesa. 

d) de forma inverossímil, sobre as palavras empregadas erroneamente, seja na fala ou na escrita. 

e) de forma falaz, sobre os termos ambíguos que existem na língua portuguesa.


2.  Sobre o fragmento: 

1. O autor estabelece uma relação entre a linguagem padrão e a linguagem informal. 

2. O escritor acredita ser sem fundamento a acusação de ser chamado de inventeiro. 

3. O autor cita convenções linguísticas que utiliza para empregar corretamente a língua na escrita. 

4. O escritor se utiliza das letras “d” e “f” para reiterar o impacto sonoro causado pelas letras nas palavras. 

a) Somente 1 e 4 estão corretas. 

b) Somente 2, 3 e 4 estão corretas. 

c) Somente 1, 2 e 3 estão corretas. 

d) Somente 1, 3 e 4 estão corretas. 

e) Somente 2 e 3 estão corretas.


3. “Porque sei muito bem o perigo da imagináutica.” A palavra sublinhada, assim como outras mais dentro do fragmento do texto, foi inventada pelo autor, na prática ela não existe. A esse vício de linguagem damos o nome de: 

a) neologismo 

b) prosopopeia 

c) solecismo 

d) hibridismo 

e) estrangeirismo


4. “Um simples “f” vira o útil em fútil.” A palavra em destaque tem como sinônimo: 

a) intragável 

b) trivial 

c) frívolo 

d) airoso 

e) farfalhão


5. “Às duas por triz basta uma simples letra...” O acento indicador de crase está indevidamente empregado em todas as sentenças abaixo, EXCETO em: 

a) Pedro começou à redigir a correspondência. 

b) Após descansar, recomeçou com toda à força. 

c) A revendedora vendeu o carro à vista. 

d) O jogador ofereceu o gol à mim. 

e) Finalmente ficou frente à frente com a nova sogra.


Atividade 6º Ano. Fábula - O Galo e a Raposa


O Galo e a Raposa

No meio dos galhos de uma árvore bem alta um galo estava empoleirado e cantava a todo o volume. Sua voz esganiçada ecoava na floresta. Ouvindo aquele som tão conhecido, uma raposa que estava caçando se aproximou da árvore. Ao ver o galo lá no alto, a raposa começou a imaginar algum jeito de fazer o outro descer. Com a voz mais boazinha do mundo, cumprimentou o galo dizendo:

 ─ O meu querido primo, por acaso você ficou sabendo da proclamação de paz e harmonia universal entre todos os tipos de bichos da terra, da água e do ar? Acabou essa história de ficar tentando agarrar os outros para comê-los. Agora vai ser tudo na base do amor e da amizade. Desça para a gente conversar com calma sobre as grandes novidades!

 O galo, que sabia que não dava para acreditar em nada do que a raposa dizia, fingiu que estava vendo uma coisa lá longe. Curiosa, a raposa quis saber o que ele estava olhando com ar tão preocupado. 

─ Bem ─ disse o galo ─, acho que estou vendo uma matilha de cães ali adiante. 

─ Nesse caso, é melhor eu ir embora ─ disse a raposa. ─

 O que é isso, prima? ─ disse o galo. ─ Por favor, não vá ainda! Já estou descendo! Não vá me dizer que está com medo dos cachorros nesses tempos de paz!?

 ─ Não, não é medo ─ disse a raposa ─ mas... e se eles ainda não estiverem sabendo da proclamação?

(O Galo e a raposa. Fábulas de Esopo).  


Responda:


1. “Sua voz esganiçada ecoava na floresta".

O sinônimo de esganiçada é:

a) grossa. 

b) agressiva. 

c) enérgica. 

d) aguda. 

e) combativa. 


2. “Sua voz esganiçada ecoava na floresta.” O sinônimo de ecoava é:

a) repetia. 

b) fugia. 

c) corria. 

d) caminhava. 

e) andava.


3. Assinale a alternativa que apresenta a divisão silábica INCORRETA. 

a) Ra – po – sa 

b) Ca – cho – rros 

c) Pro – cla – ma – ção 

d) No – vi – da – des 

e) Es – ga – ni – ça – da


4. “Acabou essa história de ficar tentando agarrar os outros para comê-los".

A frase acima é:

a) imperativa. 

b) optativa.

c) interrogativa. 

d) exclamativa. 

e) afirmativa.


5.  O diminutivo de galo é:

 a) galinho. 

 b) galão. 

c) galinha. 

d) galudo. 

e) galeiro


6.  Assinale a alternativa em que a forma verbal destacada está no presente.

a) “─ Bem ─ disse o galo...” 

b) “...está com medo...” 

c) “Acabou essa história...” 

d) “...sabia que não dava...” 

e) “...a raposa quis saber...”


7.  Assinale a forma verbal que expressa dúvida. 

a) “Desça para a gente conversar com calma...” 

b) “...fingiu que estava vendo uma coisa lá longe.” 

c) “...uma raposa que estava caçando se aproximou...” 

d) “...estava empoleirado e cantava a todo o volume.” 

e) “...e se eles ainda não estiverem sabendo...”



       

Charges para Interpretação - Ensino Médio

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