Não ameis à distância!
Em uma cidade há um milhão e meio de pessoas, em outra há outros milhões; e as cidades são tão longe uma da outra que nesta é verão quando naquela é inverno. Em cada uma dessas cidades há uma pessoa; e essas pessoas tão distantes acaso podem cultivar em segredo, como plantinha de estufa, um amor à distância?
Andam em ruas tão diferentes e passam o dia falando línguas diversas. Não se telefonam mais; é tão caro e demorado e tão ruim e, além disso, que se diriam? Escrevem-se. Mas uma carta leva dias para chegar; ainda que venha cheia de sentimento, quem sabe se no momento em que é lida já não poderia ter sido escrita? A carta não diz o que a outra pessoa está sentindo, diz o que sentiu na semana passada... e as semanas passam de maneira assustadora.
E ao que ama o que importa é a pessoa amada hoje, agora, aqui − e isso não há. Então a outra pessoa vira retratinho no bolso, borboleta perdida no ar, brisa que a testa recebe na esquina, tudo o que for eco, sombra, imagem, um pequeno fantasma, e nada mais.
(Rubem Braga)
1. O autor chama a atenção para o fato de que os amantes desejam estar próximos um do outro no trecho:
a) ... e as cidades são tão longe uma da outra que nesta é verão quando naquela é inverno.
b) Em cada uma dessas cidades há uma pessoa...
c) Andam em ruas tão diferentes e passam o dia falando línguas diversas.
d) E ao que ama o que importa é a pessoa amada hoje, agora, aqui...
e) Em uma cidade há um milhão e meio de pessoas, em outra há outros milhões...
2. O assunto central do texto é:
a) o primeiro encontro entre amantes que se conheceram por correspondência.
b) a dificuldade do relacionamento amoroso entre duas pessoas que estão longe.
c) a diferença de estilos de vida em duas cidades que se distanciam no espaço.
d) o amor proibido entre pessoas que pertencem a classes sociais opostas.
e) a beleza do amor verdadeiro, que se fortalece com o decorrer do tempo.
3. Não se telefonam mais; é tão caro e demorado e tão ruim e, além disso, que se diriam?
Preservando-se o sentido do texto, a expressão que substitui o sinal de ponto e vírgula na frase acima é:
a) porquê.
b) por que.
c) porém.
d) porque.
e) por em.
4. No último parágrafo, por meio das expressões encadeadas em retratinho no bolso, borboleta perdida no ar, brisa que a testa recebe na esquina, tudo o que for eco, sombra, imagem, um pequeno fantasma, o autor sugere que, aos poucos, o ser amado:
a) torna-se apenas uma vaga lembrança.
b) escreve cartas com sentimentos intensos.
c) começa a se aproximar fisicamente.
d) passa a despertar maior admiração.
e) fica mais esperançoso quanto ao futuro.
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