quarta-feira, 7 de abril de 2021

Atividade Ensino Médio. Secretária - Luis Fernando Veríssimo

 Secretária 

O teste definitivo para você saber se você está ou não integrado no mundo moderno é a secretária eletrônica. O que você faz quando liga para alguém e quem atende é uma máquina. 

 Tem gente que nem pensa nisso. Falam com a secretária eletrônica com a maior naturalidade, qual é o problema? É apenas um gravador estranho com uma função a mais. Mas aí é que está. Não é uma máquina como qualquer outra. É uma máquina de atender telefone. O telefone (que eu não sei como funciona, ainda estou tentando entender o estilingue) pressupõe um contato com alguém e não com alguma coisa. A secretária eletrônica abre um buraco nesta expectativa estabelecida. É desconcertante. Atendem – e é alguém dizendo que não está lá! Seguem instruções para esperar o bip e gravar a mensagem. 

 É aí que começa o teste. Como falar com ninguém no telefone? Um telefonema é como aqueles livros que a gente gosta de ler, que só tem diálogos. É travessão você fala, travessão fala o outro. E de repente você está falando sozinho. Não é nem monólogo. É diálogo só de um. 

 - Ahn, sim, bom, mmm... olha, eu telefono depois. Tchau. 

 O “tchau” é para a máquina. Porque temos este absurdo medo de magoá-la. Medo de que a máquina nos telefone de volta e nos xingue, ou pelo menos nos bipe com reprovação. 

 Sei de gente que muda a voz para falar com secretária eletrônica. Fica formal, cuida a construção da frase. Às vezes precisa resistir à tentação de ligar de novo para regravar a mensagem porque errou a colocação do pronome. 

 Outros não resistem. Ao saber que estão sendo gravados, limpam a garganta, esperam o bip e   anunciam: 

 - De Augustín Lara...

 E gravam um bolero. 

 Talvez seja a única atitude sensata.

(Luís Fernando Veríssimo)


1. Considerando o texto como um todo, podemos classificá-lo predominantemente como: 

 a) narrativo; 

 b) descritivo; 

 c) expositivo;

 d) argumentativo;

 e) conversacional.


2. A frase do texto em que há claramente a personificação da secretária eletrônica por meio de uma ação humana que lhe é atribuída, é: 

a) “Medo de que a máquina nos telefone de volta...”; 

b) “O “tchau” é para a máquina”; 

c) “Porque temos este absurdo medo de magoá-la”; 

d) “Não é uma máquina como qualquer outra”; 

e) “Sei de gente que muda a voz para falar com secretária eletrônica”.


3. “Tem gente que nem pensa nisso. Falam com a secretária eletrônica com a maior naturalidade, qual é o problema”? A pergunta final desse segmento: 

 a) é feita pelo próprio autor do texto; 

 b) é questão atribuída à secretária eletrônica; 

 c) é da autoria da “gente que nem pensa nisso”;

 d) parte de quem não é atendido pela secretária com naturalidade; 

 e) questiona o problema de não haver quem atenda o telefone.


4. “A secretária eletrônica abre um buraco nesta expectativa estabelecida”; a “expectativa” referida no texto é a de que:

 a) se entre em contato com alguém; 

 b) se possa deixar um recado; 

 c) a secretária eletrônica esteja ligada; 

 d) se possa seguir as instruções da máquina;

 e) não tenham ligado a secretária eletrônica.


5. “-Ahn, sim, bom, mmm...”; essas palavras indicam, por parte de quem é atendido pela secretária eletrônica: 

  a) aborrecimento; 

  b) hesitação; 

  c) espanto; 

  d) desilusão;

  e) admiração.


6. O trecho entre parênteses no segundo parágrafo – que eu não sei como funciona, ainda estou tentando entender o estilingue – tem a função de: 

a) mostrar a competência tecnológica do autor do texto; 

b) fazer pouco das máquinas modernas; 

c) demonstrar a inadequação do autor diante das coisas modernas;

d) transmitir um tom crítico ao texto; 

e) situar o texto em tempos passados.







 

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